terça-feira, dezembro 06, 2011

Eurovisão 1966


Por estes anos, as professoras estavam deslocadas pelas mais reconditas aldeias, geralmente em inicio de carreira eram raparigas com uma mundividencia muito para além das comunidades onde eram colocadas, o que não impedia os galãs rurais de se "fazerem ao piso".
Nos meus tempos de instruçaõ primária apareceu por lá um "fangante", qual negro do rádio de pilhas, com um transistor em que esta música corria...claro só mais tarde percebi a mensagem implícita.

Bordaduras (6)

 Ser feliz (viver)

A longevidade, a segurança ou mesmo o conforto não são sinónimos de felicidade, quando muito são factores de satisfação. A felicidade não é um estado de permanência, antes um momento fugaz pelo qual muitas vezes passamos e não lhe damos a mínima importância. Por alguma razão tanta gente reclama o direito de ser feliz, mesmo que não saibam reconhecer essa felicidade e portanto tanto lhes faz: reclamam, mas podiam chorar

Se a segurança e o conforto de uma longa vida fossem sinónimo de felicidade então os animais em cativeiro seriam muito “felizes” porque nada disto lhes falta. Por isso mesmo a segurança, o conforto da rotina também não podem fazer um homem feliz. Todos aqueles que acordam e sabem com certeza como vai ser o seu dia, estão já meios-mortos e quanto maior for a certeza maior é a probabilidade de apenas já respirarem assistidamente.




quinta-feira, novembro 03, 2011

Correntezas (10)


Escrever

 
Recriando sentimentos,

que me brotam da alma

desalinhadamente

Sobre um papel

construo frases

frias, quentes....

amargas, doces...

desfazendo ilusões.

Libertando sentidos...

E posso ser tudo...

um pássaro, uma folha,

um amor, uma dor.

Desbravo caminhos

reparo veredas

desfaço-me

refaço-me

com a ponta dos dedos

E como escrevo

as letras faíscam

as palavras são chamas

que me incendeiam

e desfazem na cinza

que o vento vai levando

Cheias de Lisboa 1967


Cheias de Lisboa 1967

Talvez a primeira tragédia de que tomei consciência. Apesar das notícias sempre negadas havia qualquer coisa que nos angustiava e pela primeira vez teria tido a noção de vida e morte.


Margens (20)


Licença de condução de velocípedes

A minha primeira licença! Justamente habilitva-me a conduzir bicicletas a pedal!! Não bastavam as esfoladelas para aprender a equilibrar-me em cima das ditas, também precisava de licença para as montar!!!

Margens (19)


A primeira comunhão

Num país cujas tradições católicas muitas vezes se sobrepunham á vontade da família, ou seja fazia-se porque todos faziam, este era o corolário de anos de catequização em que o prior era visita assídua da escola, apontando os caminhos da fé.
Como não podia deixar de ser ei-lo aqui pujante na foto: Francisco Saramago. Acompanhou-me nas mais variadas fases da minha vida e por isso foi marcante para mim. Duro como só os bons sabem ser. Ficou famosa por aqui a sua frase:"para mim vale mais um homem cem por cento homem,que um católico de meia tigela".

Margens (18)

Escola 2
Escola Comercial de Rio Maior
Estabelecimento de ensino resultante da vontade dos comerciantes riomaiorenses, essencialmente a pensar nas “elites da vila”, acabou por ser o meu primeiro contacto com uma realidade completamente desconhecida e inesperadamente agreste. O choque foi enorme e de aluno brilhante, porque usava brilhantina julgo eu, passei directamente a sofrível, para não dizer inapto, que vinha da aldeia. Tempos difíceis.

Bordaduras (5)

Sulcos

Neste rio que me sulca correm águas límpidas e tranquilas, também águas turvas e revoltas. Há quem goste de mim quando estou calmo e sereno, mas também quem goste de me contemplar quando galgo as margens e levo tudo por diante. Há quem me navegue para alcançar a outra margem e também quem prefira ficar em terra firme. Há quem em mim busque a paz de uma barragem e quem procure a adrenalina das quedas d’água. Provavelmente há quem goste de escutar as melodias que nas minhas margens trinam, mas há também quem aprecie o meu silêncio. Mas deste rio que em mim corre, que as margens aprisionam e que a foz libertará, algo vai ficando…há quem entenda e quem não queira saber…

segunda-feira, outubro 03, 2011

Margens (17)

 Escola 1

Embora sujeito às agruras dos tempos modernos, foi neste edifício que aprendi as primeiras letras. Aparte o "gosto" da pintura e a retirada da placa que dizia que tinha sido construído pelo governo da Ditadura Nacional (como se fossem os abrilistas que o tivessem construído), o edifício mantém a sua traça original..desde o portão do recreio até às janelas onde "posavam" os orelhas de burro. Hoje alberga um posto médico,sem médico..

sexta-feira, setembro 30, 2011

Margens (16)

A minha escola
Alunos

Ao tempo éramos trinta e oito no edifício da velha escola distribuídos por quatro classes. Uma só professora, sem auxiliares, nem "escola segura" e seguramente estávamos bem. Volta não volta um ou outro ficava uma manhã ou uma tarde a ver passar os carros com umas orelhas de papel enormes. Havia a cana da Índia e menina de cinco olhos e tudo prosseguia na paz do campo...sob o olhar atento do Salazar e do Carmona.


Margens (15)

As primeiras letras

Eram 2,5 km percorridos a pé. Livros numa sacola, almoço numa outra e lá íamos com a chuva, o frio, o calor, a ventania por companheiros. Criados no mato, era também a nossa primeira sociabilização, ou em linguagem do tempo, aprender a ser homem.

Eusébio


Eusébio
O pantera negra
O ídolo do futebol naqueles tempos ou melhor de todos os tempos. Os tempos onde o "amor à camisola" não era palavra vã. Eusébio o melhor de todos

quinta-feira, setembro 22, 2011

Margens (14)

Matança do porco

Governo da casa para o ano inteiro, o porco era preponderante nos meios rurais. Dia geralmente de festa onde se reunia a familia mais chegada e tudo ajudava no aproveitamento do animal. Nada se perdia,tudo se aproveitava. Sem frigorificos nem arcas congeladoras , o sal era o conservante natural. Não havia também asaes, nem outras merdas para além da "guarda da Marmeleira" mas que se dedicava mais a multar cabreiros e a fiscalizar carroceiros. Assim os porcos iam morrendo e o povo sobrevivendo...por entre alegrias e tristezas

Correntezas (9)


Em mim

Há em mim um rio que corre

Uma corrente que me arrasta

Uma barragem que me enlaça

Uma montanha que me enfrenta

Há em mim a fragilidade da vida

Um abismo que me tenta

Um barco que me navega

Um escolho que me atormenta

Há em mim a força da água

O destemor do horizonte

O atravessar de uma ponte

O desejo de uma fonte

Há em mim um brotar de energia

A nascente da alegria

A correr pelo dia

A noite que me apazigua

Há em mim uma foz que me anima

Que me faz galgar

Que não me deixa parar

Que me promete chegar

Há em mim um rio que corre…


Foto: Rio Zêzere a jusante da barragem de Castelo de Bode

sexta-feira, setembro 09, 2011

Margens (13)

Vindimas

Agora que o tempo delas se aproxima, a recordação das vindimas na década de sessenta. Talvez porque desde tenra idade me plantaram no meio das cepas que sempre detestei tal tarefa, embora aqui pareça bastante decidido a dar trabalho à tesoura, ou seria em fugir dela?

quinta-feira, setembro 08, 2011

Sport Lisboa e Benfica


Sport Lisboa e Benfica
O Glorioso

Ao tempo o que ganhava tudo ou quase tudo e assim fiquei adepto desde pequeno. Por mais tinta verde que a familia me "arremessasse", definitivamente o encarnado era a minha cor de eleição. E ao longo da vida podemos mudar quase tudo,menos de clube. Visto a muitos anos de distância penso que foi uma maneira de sobressair no imenso verde que me cercava...e continuou a cercar pela vida adiante

Margens (12)

Marinhas do Sal - Rio Maior

Algures na década de sessenta a safra do sal era actividade complementar dos agricultures nesta área do concelho de Rio Maior. Nestas salinas buscavam o sal a generalidade dos habitantes do concelho para a salga do porco,abatido próximo do natal e que durante o ano era cevado com as mais diversas e "biológicas rações". Era assim o "governo da casa". Havia,há, um ditado que incide sobre o assunto que era usado quando se via alguém, triste,  cabisbaixo: "olha que não tem porco para matar, nem o matou".

Correntezas (8)

Vida

Trepidante,

oscilante

entre ter tudo

e não ter nada

Um dia, passo curto

outro dia, passo solto

apressado, estugado

Corro atrás do tempo

tropeço, caio, levanto-me

Entre uma e outra coisa

nem chego a pensar

tal a pressa de chegar

Mas de repente

o passo curto, travado

pensado, repousado

Canso-me, não de correr

mas de tanto pensar

E penso,

nesta vida cansada

tantas vezes prevista,

outras tantas inesperada,

mas sempre vivida!


Bordaduras (4)


Dias de chumbo

Dias de chumbo, dias sem história e sem histórias que se arrastam numa sequência que parece não ter fim.

Por vezes uma nesga de cor irrompe, mas logo sucumbe ao peso de um cinzento forte que tolda a vontade e embrutece o querer.

Lutar com o chumbo grosso dos dias, mais não é que gesto quixotesco, isto é quebramos as lanças mas não conseguirmos parar a marcha do tempo.

Viver dias de chumbo é arrastar-nos pelo tempo, sem tempo para nada e tempo para tudo. Sem nada para fazer e com tudo por fazer. Mas nestes dia de chumbo que interesse pode resistir se tudo acaba num cinzento carregado/chumbado…








sábado, agosto 20, 2011

Represas (1)

Há dias, semanas, meses assim, insonsos, em que nos apetece tudo e não queremos nada. Tudo nos enfastia e simultaneamente temos imensos desejos. Gostaríamos de ir aqui ou acolá, mas não nos apetece caminhar, correr…e ficamos numa imensa represa cheia de vontades paradas, até que um dia, galgamos a muralha e voltamos a caminhar, correndo...
Foto: Rio Zêzere junto à sua nascente na Serra da Estrela

domingo, agosto 14, 2011

Margens (11)

Começar,todos começamos e todos também terminamos. Não escolhemos onde começámos e muitos também não escolhem o seu terminar. Mesmo o nosso caminhar,tantas vezes o pensamos moldar, outras tantas escolher, que nos esquecemos de viver, ou simplesmente caminhar. Os meus primeiros passos de um caminho por veredas e estradas largas, por portos ou enseadas, de asas abertas ou fechadas..onde irá dar? Sei onde começou,não sei onde irá parar!

Correntezas (7)


EU

Eu

Sentado na margem deste rio

Contemplando a sua corrente

Em que as palavras deslizam

Por vezes apressadamente

Outras dolentemente

Eu

Na sombra dos salgueiros

Olhando os seus esteiros

Avisto barcos de velas caídas

Jangadas de sonhos vencidos

Naufrágios de amores perdidos

Eu

Sombra projectada

Nas águas espelhada

Pela corrente moldada

Por vezes ganha vida

Outras fica parada

Eu

Ficando nas margens

Partindo nas palavras

Voando nos sonhos

Regressando de viagens

E desaparecendo nas águas


sexta-feira, agosto 12, 2011

Mundial/66


A sala da associação à pinha, pois tudo parava na aldeia para ver os jogos da selecção. A TV, a preto e branco, enchia o palco e a cadeiras remexiam-se num sussuro de inquietação e de repente, tudo se alvoroçava com mais um golo de Portugal. Montado no suporte da pedaleira lá ia acompanhando o meu pai...lembro-me do silêncio e da explosão que se seguiu  nos 5-3 à Coreia do Norte e da tristeza e conformação ante a derrota frente à  Inglaterra. 45 anos decorreram.

Margens (10)

A fisga

A fisga é do tempo em que os brinquedos eram concebidos e fabricados em familia e não havia problemas com patentes. Muitas vezes feitos pelos adultos ao serão, com um carinho que hoje não se põe quando se compra a última versão de uns quaisquer "sims". E essencialmente não tinham implicações financeiras o que deixava os adultos descansados,mas a pequenada sem dormir,pensando na brincadeira do dia seguinte.

Bordaduras (3)

Viver é muito mais que respirar, viver é sobretudo arriscar. Veja-se o cada vez maior número de pessoas que não suporta o risco da vida e utiliza as mais variadas formas de lhe pôr fim. Há quem diga que é uma atitude corajosa, mas eu penso que não passa da suprema incapacidade de fruir um bem que alguém lhe facultou: a vida, viver!

As pessoas habituaram-se a viver como se colhessem fruta no supermercado. Está ali, mesmo à mão, bonitinha, engraxadinha, sem bicho, prontinha a ser trincada, prontinha não, porque ainda é preciso lavá-la para evitar riscos. Nem se lembram, e alguns nem fazem disso a menor ideia, que para estar ali, à mão de pegar, alguém correu os riscos de a produzir e fazê-la chegar até à prateleira.

É usual ouvir a generalidade das pessoas reclamarem, exigirem, condições de vida como reclamam da fruta exposta. Ou porque está verde ou madura demais, ou não tem tamanho ou é grande demais. Não se pensa, porque pensar é também viver, no caminho da fruta até ali, nos remoques que suportou e apenas se aprecia  a aparência, porque se adquiriu que viver é apenas (a)parecer. Parece, mas não é!






quinta-feira, agosto 11, 2011

Margens (9)


A matança de galináceos há 50 anos! Qualquer coisa de premonitório esta coisa de de(penar)!

Correntezas (6)


Espumas

Neste mar revolto, voga a nau das palavras

Tento enaltecer o amor por entre as ondas bravas

Mas partem-se os remos e as rimas

E o sublime sucumbe por dentre as espumas

Fico à deriva, sem remos e sem rimas

E as palavras em redemoinho.

Aqui agarro uma, ali pego mais uma

São apenas pétalas caídas

Gaivotas feridas

Deste mar revolto.

Que me atira borda fora

Sem tempo e sem hora

Neste mar de fantasia

Nesta barca da poesia

Não sei se me perdi

Ou me perdeu a vida.



Carrocel Magico


O meu primeiro contacto com os desenhos animados. Era o Franjinhas,o Saltitão e outros que agora não lembro os nomes. Já ao tempo a Olá oferecia os bonecos desta série nos gelados,portanto nesse aspecto não mudámos muito,continuam as "ofertas" de bonecada em tudo que é produto de grande consumo.

segunda-feira, agosto 08, 2011

Bonanza


Nas décadas de 60/70 as tardes de domingo eram passadas na associação local a ver o Bonanza. Miúdos e graúdos numa espécie de catarse dominical ali ficavam plantados em frente ao televisor a preto e branco. E eu lá estava também ver as pistolas aos coices e os cavalos aos tiros, ou seria ao contrário. Afinal já foi há tanto tempo.

Margens (8)

Rical

As laranjadas da minha infância, adolescência. Não havia colas, nem nectáres, nem, nem..era apenas "água boa" a 25 tostões.

Correntezas (5)


Partilhar

A cada momento,

a emoção

o querer,

o sentir.

O abraço e o beijo,

o inflamar,

o despir,

embaraçado.

Na praia do desejo,

ondulamos,

em vagas lentas,

ou cavadas,

e rebentamos

na espuma da paixão

Lentamente

acordamos

olhamos

este mar,

esta beleza ímpar

de nos sabermos dar.

Margens (7)

A minha primeira visita à praia. Da Nazaré como era hábito das gentes daqui que organizavam uma espécie de excursões particulares e lá iam na caixa de carga de uma qualquer "fragonete". De uma qualquer não era bem assim, porque as "fragonetes" rareavam. Ao tempo o proprietário era o sr de óculos de sol, um sinal de diferenciação social já naquela era distante.

Anos 60/70


domingo, agosto 07, 2011

Bordaduras (2)


Fazer dos sobressaltos da nossa existência desafios que, vencidos nos hão-de tornar mais fortes e depois sabermos utilizar as forças sobrevindas com a humildade necessária para reconhecer que não nos tornámos imbatíveis, pode ser e é, um exercício da vida muito difícil de atingir, porque se aproximaria perigosamente da perfeição humana.
Há um ditado popular (nunca peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu) que ilustra essa dificuldade. E certamente não é fácil desmobilizar todas as forças que convocámos para vencer as dificuldades. Como quaisquer soldados elas anseiam pelo saque aos vencidos como expoente máximo da sua vitória.
Ora vencer as nossas dificuldades nunca pode ser uma ostentação, mas antes uma indicação para aqueles que com elas também se defrontam e um exemplo de que é possível vencê-las.

sábado, agosto 06, 2011

Luxos da época

Margens (6)

Interpretando uma espécie de "nenuco" ancestral no meio da azáfama de uma vindima,mas pouco dado a máquinas...de fotografar. Era o tempo em que se almudava (almude=medida de 20lts) a vida, contrariando a actualidade em que é tudo às pipas (pipa=500lts).

Correntezas (4)

Sem (A) gosto

Este Agosto
cinzento,

por vezes lamacento

sem rosto,

um quase desgosto

mais parece um lamento

este Agosto

pardacento

Este Agosto

que não torra o verão,

que não faz a eira,

nem limpa o grão,

e apenas se anuncia,

em lampejos de alegria,

e gotas de saudade

do tempo em que Agosto

era Verão

 

quinta-feira, agosto 04, 2011

Margens (5)

Joselito - O pequeno coronel

O meu primeiro contacto com o cinema, na associação recreativa local, em cadeiras desconfortáveis e com o ruído de fundo dos que iam lendo as legendas para aqueles que não as sabiam ler.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Correntezas (3)

Ser

Nesta dança rimada das palavras,

sou melodia e sou instrumento,

sou alegria e sou lamento,

sou mar e sou as ondas

Nesta dança rimada das palavras

Sou moinho e sou o grão

sou o pão e a refeição

sou uva e sou o vinho

Nesta dança rimada das palavras

sou alma livre ou alma penada

sou pena solta ou amarrada

sou pedra rolada ou afilada

Nesta dança rimada das palavras

Posso ser tudo

E não ser nada

Era uma "chatice"

Margens (4)

No adro da igreja, mas a crer na cara de poucos amigos e nas amarras duplas,não devia estar muito católico, mas com os anos lá me converti. Por incrível que pareça tive uma professora que achou que eu devia ir pro seminário. Mas como sempre se diz para justificar qualquer vereda da vida, "Deus escreveu direito por linhas tortas" e cá estou eu, sem batina,mas com hábito(s).

terça-feira, agosto 02, 2011

Correntezas (2)

Chuva sem tempo

Nesta chuva sem tempo,

neste frio do momento,

aqueces o meu pensamento

e adoças o meu tormento.

Os fios de chuva alimentam os beirais

E tu alimentas este meu querer mais,

este meu desejar,

que me desperta

e faz voar,

que me anima

e faz libertar,

como a chuva,

que cai sem parar.

Corre,corre

Margens (3)


Pilotando a minha primeira viatura há cinco décadas atrás.
Iniciava assim o caminho que aqui me conduziu,um caminho de veredas e clareiras, de solavancos e planicíes, de correntes fortes e águas mansas,afinal um caminho como tantos outros.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Traquitanas

Margens(2)

Logo de pequeno tinha esta propensão para os transportes. Mantém-se até hoje,uma vida feita à volta da roda e das rodas

Margens(1)

Os meus primeiros livros!
Caramba,nem queria acreditar,mas lá estavam eles em grande destaque numa qualquer montra onde me reencontrei com eles.
Foi um encontro e um enamoramento instantaneo que acabei por trazê-los comigo.

Nascente

Aqui,nesta casa velhinha entretanto devorada pelo progresso,comecei a correr pela vida. Foi a minha nascente e as suas paredes as minhas primeiras margens.

Onde vais....

Bordaduras (1)


Serão as margens do rio oprimidas ou opressoras?
E neste rio da vida vivemos ou deixamo-nos arrastar pela vida?
As respostas podem ser simples ou complexas,mas serão sempre,marcadas pelo que fomos deixando aqui e além, com carinho e às vezes desdém.
Todos partimos de algum lado,todos tivémos uma nascente e margens que vão suportando a nossa correnteza, até ao dia que atingiremos a nossa foz.
Galgar as margens da vida, romper diques convencionais, varrer preconceitos é uma tragédia e uma bênção.
Tragédia porque o caminho antes conhecido ficou gravemente afectado e uma bênção porque a descoberta de um novo caminho nos abre horizontes desconhecidos que nos podem fazer mais felizes ou mais infelizes, numa palavra mais simples:VIVER




À minha maneira

domingo, julho 31, 2011

Correntezas (1)

Barco parado
Rio corrente,
levemente
um ligeiro sussurro
Brevemente
um pássaro esvoaça
num salgueiro que o abraça
dolente
e segue a vida
presente
Presente de todos as manhãs,
de todos os entardeceres
até que se fina
numa qualquer foz
sem um ai,
sem uma voz
uma vida vivida!