Viver é muito mais que respirar, viver é sobretudo arriscar. Veja-se o cada vez maior número de pessoas que não suporta o risco da vida e utiliza as mais variadas formas de lhe pôr fim. Há quem diga que é uma atitude corajosa, mas eu penso que não passa da suprema incapacidade de fruir um bem que alguém lhe facultou: a vida, viver!
As pessoas habituaram-se a viver como se colhessem fruta no supermercado. Está ali, mesmo à mão, bonitinha, engraxadinha, sem bicho, prontinha a ser trincada, prontinha não, porque ainda é preciso lavá-la para evitar riscos. Nem se lembram, e alguns nem fazem disso a menor ideia, que para estar ali, à mão de pegar, alguém correu os riscos de a produzir e fazê-la chegar até à prateleira.
É usual ouvir a generalidade das pessoas reclamarem, exigirem, condições de vida como reclamam da fruta exposta. Ou porque está verde ou madura demais, ou não tem tamanho ou é grande demais. Não se pensa, porque pensar é também viver, no caminho da fruta até ali, nos remoques que suportou e apenas se aprecia a aparência, porque se adquiriu que viver é apenas (a)parecer. Parece, mas não é!