sábado, agosto 20, 2011

Represas (1)

Há dias, semanas, meses assim, insonsos, em que nos apetece tudo e não queremos nada. Tudo nos enfastia e simultaneamente temos imensos desejos. Gostaríamos de ir aqui ou acolá, mas não nos apetece caminhar, correr…e ficamos numa imensa represa cheia de vontades paradas, até que um dia, galgamos a muralha e voltamos a caminhar, correndo...
Foto: Rio Zêzere junto à sua nascente na Serra da Estrela

domingo, agosto 14, 2011

Margens (11)

Começar,todos começamos e todos também terminamos. Não escolhemos onde começámos e muitos também não escolhem o seu terminar. Mesmo o nosso caminhar,tantas vezes o pensamos moldar, outras tantas escolher, que nos esquecemos de viver, ou simplesmente caminhar. Os meus primeiros passos de um caminho por veredas e estradas largas, por portos ou enseadas, de asas abertas ou fechadas..onde irá dar? Sei onde começou,não sei onde irá parar!

Correntezas (7)


EU

Eu

Sentado na margem deste rio

Contemplando a sua corrente

Em que as palavras deslizam

Por vezes apressadamente

Outras dolentemente

Eu

Na sombra dos salgueiros

Olhando os seus esteiros

Avisto barcos de velas caídas

Jangadas de sonhos vencidos

Naufrágios de amores perdidos

Eu

Sombra projectada

Nas águas espelhada

Pela corrente moldada

Por vezes ganha vida

Outras fica parada

Eu

Ficando nas margens

Partindo nas palavras

Voando nos sonhos

Regressando de viagens

E desaparecendo nas águas


sexta-feira, agosto 12, 2011

Mundial/66


A sala da associação à pinha, pois tudo parava na aldeia para ver os jogos da selecção. A TV, a preto e branco, enchia o palco e a cadeiras remexiam-se num sussuro de inquietação e de repente, tudo se alvoroçava com mais um golo de Portugal. Montado no suporte da pedaleira lá ia acompanhando o meu pai...lembro-me do silêncio e da explosão que se seguiu  nos 5-3 à Coreia do Norte e da tristeza e conformação ante a derrota frente à  Inglaterra. 45 anos decorreram.

Margens (10)

A fisga

A fisga é do tempo em que os brinquedos eram concebidos e fabricados em familia e não havia problemas com patentes. Muitas vezes feitos pelos adultos ao serão, com um carinho que hoje não se põe quando se compra a última versão de uns quaisquer "sims". E essencialmente não tinham implicações financeiras o que deixava os adultos descansados,mas a pequenada sem dormir,pensando na brincadeira do dia seguinte.

Bordaduras (3)

Viver é muito mais que respirar, viver é sobretudo arriscar. Veja-se o cada vez maior número de pessoas que não suporta o risco da vida e utiliza as mais variadas formas de lhe pôr fim. Há quem diga que é uma atitude corajosa, mas eu penso que não passa da suprema incapacidade de fruir um bem que alguém lhe facultou: a vida, viver!

As pessoas habituaram-se a viver como se colhessem fruta no supermercado. Está ali, mesmo à mão, bonitinha, engraxadinha, sem bicho, prontinha a ser trincada, prontinha não, porque ainda é preciso lavá-la para evitar riscos. Nem se lembram, e alguns nem fazem disso a menor ideia, que para estar ali, à mão de pegar, alguém correu os riscos de a produzir e fazê-la chegar até à prateleira.

É usual ouvir a generalidade das pessoas reclamarem, exigirem, condições de vida como reclamam da fruta exposta. Ou porque está verde ou madura demais, ou não tem tamanho ou é grande demais. Não se pensa, porque pensar é também viver, no caminho da fruta até ali, nos remoques que suportou e apenas se aprecia  a aparência, porque se adquiriu que viver é apenas (a)parecer. Parece, mas não é!






quinta-feira, agosto 11, 2011

Margens (9)


A matança de galináceos há 50 anos! Qualquer coisa de premonitório esta coisa de de(penar)!

Correntezas (6)


Espumas

Neste mar revolto, voga a nau das palavras

Tento enaltecer o amor por entre as ondas bravas

Mas partem-se os remos e as rimas

E o sublime sucumbe por dentre as espumas

Fico à deriva, sem remos e sem rimas

E as palavras em redemoinho.

Aqui agarro uma, ali pego mais uma

São apenas pétalas caídas

Gaivotas feridas

Deste mar revolto.

Que me atira borda fora

Sem tempo e sem hora

Neste mar de fantasia

Nesta barca da poesia

Não sei se me perdi

Ou me perdeu a vida.



Carrocel Magico


O meu primeiro contacto com os desenhos animados. Era o Franjinhas,o Saltitão e outros que agora não lembro os nomes. Já ao tempo a Olá oferecia os bonecos desta série nos gelados,portanto nesse aspecto não mudámos muito,continuam as "ofertas" de bonecada em tudo que é produto de grande consumo.

segunda-feira, agosto 08, 2011

Bonanza


Nas décadas de 60/70 as tardes de domingo eram passadas na associação local a ver o Bonanza. Miúdos e graúdos numa espécie de catarse dominical ali ficavam plantados em frente ao televisor a preto e branco. E eu lá estava também ver as pistolas aos coices e os cavalos aos tiros, ou seria ao contrário. Afinal já foi há tanto tempo.

Margens (8)

Rical

As laranjadas da minha infância, adolescência. Não havia colas, nem nectáres, nem, nem..era apenas "água boa" a 25 tostões.

Correntezas (5)


Partilhar

A cada momento,

a emoção

o querer,

o sentir.

O abraço e o beijo,

o inflamar,

o despir,

embaraçado.

Na praia do desejo,

ondulamos,

em vagas lentas,

ou cavadas,

e rebentamos

na espuma da paixão

Lentamente

acordamos

olhamos

este mar,

esta beleza ímpar

de nos sabermos dar.

Margens (7)

A minha primeira visita à praia. Da Nazaré como era hábito das gentes daqui que organizavam uma espécie de excursões particulares e lá iam na caixa de carga de uma qualquer "fragonete". De uma qualquer não era bem assim, porque as "fragonetes" rareavam. Ao tempo o proprietário era o sr de óculos de sol, um sinal de diferenciação social já naquela era distante.

Anos 60/70


domingo, agosto 07, 2011

Bordaduras (2)


Fazer dos sobressaltos da nossa existência desafios que, vencidos nos hão-de tornar mais fortes e depois sabermos utilizar as forças sobrevindas com a humildade necessária para reconhecer que não nos tornámos imbatíveis, pode ser e é, um exercício da vida muito difícil de atingir, porque se aproximaria perigosamente da perfeição humana.
Há um ditado popular (nunca peças a quem pediu, nem sirvas a quem serviu) que ilustra essa dificuldade. E certamente não é fácil desmobilizar todas as forças que convocámos para vencer as dificuldades. Como quaisquer soldados elas anseiam pelo saque aos vencidos como expoente máximo da sua vitória.
Ora vencer as nossas dificuldades nunca pode ser uma ostentação, mas antes uma indicação para aqueles que com elas também se defrontam e um exemplo de que é possível vencê-las.

sábado, agosto 06, 2011

Luxos da época

Margens (6)

Interpretando uma espécie de "nenuco" ancestral no meio da azáfama de uma vindima,mas pouco dado a máquinas...de fotografar. Era o tempo em que se almudava (almude=medida de 20lts) a vida, contrariando a actualidade em que é tudo às pipas (pipa=500lts).

Correntezas (4)

Sem (A) gosto

Este Agosto
cinzento,

por vezes lamacento

sem rosto,

um quase desgosto

mais parece um lamento

este Agosto

pardacento

Este Agosto

que não torra o verão,

que não faz a eira,

nem limpa o grão,

e apenas se anuncia,

em lampejos de alegria,

e gotas de saudade

do tempo em que Agosto

era Verão

 

quinta-feira, agosto 04, 2011

Margens (5)

Joselito - O pequeno coronel

O meu primeiro contacto com o cinema, na associação recreativa local, em cadeiras desconfortáveis e com o ruído de fundo dos que iam lendo as legendas para aqueles que não as sabiam ler.

quarta-feira, agosto 03, 2011

Correntezas (3)

Ser

Nesta dança rimada das palavras,

sou melodia e sou instrumento,

sou alegria e sou lamento,

sou mar e sou as ondas

Nesta dança rimada das palavras

Sou moinho e sou o grão

sou o pão e a refeição

sou uva e sou o vinho

Nesta dança rimada das palavras

sou alma livre ou alma penada

sou pena solta ou amarrada

sou pedra rolada ou afilada

Nesta dança rimada das palavras

Posso ser tudo

E não ser nada

Era uma "chatice"

Margens (4)

No adro da igreja, mas a crer na cara de poucos amigos e nas amarras duplas,não devia estar muito católico, mas com os anos lá me converti. Por incrível que pareça tive uma professora que achou que eu devia ir pro seminário. Mas como sempre se diz para justificar qualquer vereda da vida, "Deus escreveu direito por linhas tortas" e cá estou eu, sem batina,mas com hábito(s).

terça-feira, agosto 02, 2011

Correntezas (2)

Chuva sem tempo

Nesta chuva sem tempo,

neste frio do momento,

aqueces o meu pensamento

e adoças o meu tormento.

Os fios de chuva alimentam os beirais

E tu alimentas este meu querer mais,

este meu desejar,

que me desperta

e faz voar,

que me anima

e faz libertar,

como a chuva,

que cai sem parar.

Corre,corre

Margens (3)


Pilotando a minha primeira viatura há cinco décadas atrás.
Iniciava assim o caminho que aqui me conduziu,um caminho de veredas e clareiras, de solavancos e planicíes, de correntes fortes e águas mansas,afinal um caminho como tantos outros.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Traquitanas

Margens(2)

Logo de pequeno tinha esta propensão para os transportes. Mantém-se até hoje,uma vida feita à volta da roda e das rodas

Margens(1)

Os meus primeiros livros!
Caramba,nem queria acreditar,mas lá estavam eles em grande destaque numa qualquer montra onde me reencontrei com eles.
Foi um encontro e um enamoramento instantaneo que acabei por trazê-los comigo.

Nascente

Aqui,nesta casa velhinha entretanto devorada pelo progresso,comecei a correr pela vida. Foi a minha nascente e as suas paredes as minhas primeiras margens.

Onde vais....

Bordaduras (1)


Serão as margens do rio oprimidas ou opressoras?
E neste rio da vida vivemos ou deixamo-nos arrastar pela vida?
As respostas podem ser simples ou complexas,mas serão sempre,marcadas pelo que fomos deixando aqui e além, com carinho e às vezes desdém.
Todos partimos de algum lado,todos tivémos uma nascente e margens que vão suportando a nossa correnteza, até ao dia que atingiremos a nossa foz.
Galgar as margens da vida, romper diques convencionais, varrer preconceitos é uma tragédia e uma bênção.
Tragédia porque o caminho antes conhecido ficou gravemente afectado e uma bênção porque a descoberta de um novo caminho nos abre horizontes desconhecidos que nos podem fazer mais felizes ou mais infelizes, numa palavra mais simples:VIVER




À minha maneira